Um por cento <br>para a Cultura
A «exigência de um real financiamento público para a Cultura» é o lema do grupo de Coimbra do Movimento do Manifesto em Defesa da Cultura, apresentado, no dia 25 de Julho, no Teatro da Cerca de S. Bernardo.
Redução drástica e consecutiva no apoio à Cultura
O grupo tem a sua origem no Manifesto nacional, dividido em seis pontos, que advoga a necessidade do financiamento público às mais diversas áreas culturais, e que conta já com centenas de subscritores.
Desta forma, também em Coimbra, exige-se a dotação de um por cento do Orçamento do Estado (OE) para a área cultural. Como explicou, na ocasião, Pedro Rodrigues, produtor da Companhia Teatral Escola da Noite e um dos membros do grupo, este número (um por cento) possui uma marca simbólica e reveste-se, ao mesmo tempo, de um carácter pragmático, uma vez que «a actual fatia do OE para a Cultura se situa pouco acima dos 0,1 por cento». Este valor resulta, no entender do agente cultural, «de uma redução drástica e consecutiva por parte dos sucessivos governos no apoio à Cultura», o que não serve às entidades culturais e ao público. «Veja-se que sem estes apoios um bilhete da Escola da Noite, que custa hoje 10 euros, passaria a custar entre 40 e 50 euros», ilustrou.
Entre as actividades já agendadas pelo Movimento, Cristina Janicas, da Companhia Bonifrates, destacou uma iniciativa agendada para o dia 29 de Setembro, para a qual se pretende contactar e envolver todos os grupos culturais, das artes performativas e musicais, museus e públicos de Coimbra, de modo a que possam «transformar a cidade num imenso espaço cultural». Para isso, o grupo irá contactar as diversas entidades, convidando-as a aderir, desenvolvendo actividades nos seus próprios espaços ou espaços públicos, desde museus a companhias teatrais e grupos musicais. Todas as iniciativas serão acompanhadas da divulgação do Manifesto e das suas reivindicações. Esta acção culminará com uma grande festa no Pátio da Inquisição.
Finalmente, referiu Manuel Pires da Rocha, director do Conservatório de Música de Coimbra, o grupo pretende continuar com as reuniões plenárias que tem realizado pelos diversos espaços culturais de Coimbra, convidando «todos os que queiram participar». «Reivindicar meios para a cultura é um dever de cidadania», salientou.
Tempo de protesto e de recusa
Em Évora, o grupo do Manifesto em Defesa da Cultura realizou, no dia 26 de Julho, a pintura de um mural, onde se exige que aquela cidade seja de Cultura. «A realidade dos dias de hoje revela-nos um concelho onde a actividade cultural de usufruto público apenas existe pelo esforço abnegado de agentes e criadores locais, sem uma política municipal para o sector, limitando-se a Câmara Municipal à deficiente divulgação do que outros vão fazendo e a apoios logísticos mais ou menos pontuais», acusa o grupo.